Como a China está deixando de usar dinheiro em espécie

Realizar pagamentos com dinheiro vivo tem se tornado uma prática cada vez mais rara, principalmente se o valor em questão for alto. Com a disseminação das maquininhas de cobrança e as facilidades de fazer compras e pagamentos via internet, boa parte da população nem anda mais com quantias significativas de dinheiro na carteira.

Pagamentos online na china

Nessa caminhada rumo a uma sociedade sem dinheiro, alguns países saíram na frente e estão na dianteira da transformação. Como a China, que já vem sendo chamada de uma verdadeira “cashless society”. No último ano, o volume de pagamentos feitos pelo celular mais do que dobrou no país oriental, chegando a um valor acima de US$ 3 trilhões. A empresa que encabeça a maior parcela das transações e que participa ativamente desse processo de “esquecimento” do dinheiro em papel é a Alipay, da gigante Alibaba.

Alipay

Provedora dos serviços de pagamento online mais usados na China, a empresa registra números superiores a 100 milhões de transações feitas diariamente e mais de 520 milhões de usuários ativos. Um de seus produtos é um aplicativo para celular, que leva conveniência e praticidade para os clientes.

Pagamentos eletrônicos na China

Segundo estimativas da CLSA, empresa de investimentos com sede em Hong Kong, os pagamentos eletrônicos na China devem alcançar a marca dos US$ 45 trilhões até 2021. No país, a proliferação do método de pagamento é tão forte que alguns locais já nem aceitam mais receber dinheiro vivo. E isso é válido tanto para grandes lojas como para pequenos negócios informais, como por exemplo: pagar por um cachorro quente na rua ou até mesmo pelo aluguel de uma bicicleta.

Entre os potenciais atrativos que o fim do dinheiro físico trazem estão um melhor controle dos casos de corrupção e de lavagem de dinheiro. Além disso, haveria ainda uma possibilidade bastante concreta de dificultar a ação de criminosos, uma vez que tráfico de drogas, sequestros e outros crimes graves são pagos em dinheiro físico.

Dinheiro digital

Mas é exatamente esse controle quase que absoluto de toda e qualquer transação financeira que dispara o alerta dos críticos das sociedades sem dinheiro. Em artigo no jornal britânico The Guardian, o economista Dominic Frisby afirmou que a “guerra ao dinheiro”, que vem sendo promovida por governos e bancos, vai colocar a população mundial dentro de um verdadeiro Big Brother financeiro, o que só aumentariam as desigualdades.

Outro ponto a ser estudado seria a imposição de taxas bancárias à parcela mais pobre da população, que atualmente se esquiva disso trabalhando com dinheiro em papel. Ao entrar no sistema financeiro, esse grupo poderia ainda correr mais riscos de se endividar. Além disso, imigrantes ilegais seriam excluídos do sistema e perderiam a chance de começar uma vida nova, uma vez que estariam impossibilitados de abrir uma conta bancária.

Cashless society

Considerada uma das líderes do movimento, estima-se que a Suécia não terá mais dinheiro em circulação até 2030. A previsão, feita pelo Banco Central do país, leva em consideração o volume atual de notas: apenas 2% dos pagamentos são feitos com cédulas ou moedas – na Europa, esse montante é de 7%.

A adesão às transações em cartão, celular e meios eletrônicos é tamanha que não é incomum encontrar lojas e restaurantes do país com avisos de que não aceitam dinheiro. Além da Suécia, os países nórdicos Noruega e Dinamarca também devem se tornar cashless societies em um futuro não muito distante, no caminho chinês.

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